domingo, 6 de abril de 2014

Rua da Festa tecendo ritmos!



*Tecer (v.t.) Entrelaçar, segundo um modelo dado, os fios da urdidura (em comprimento) e os da trama (em largura), para fazer um tecido. 
   Tecendo os Ritmos e as Folias no Rua da Festa, fomos tentando e ,sempre, recorrendo a um "fio" inspirador para nossas caminhadas na estrada da Música Folclórica Brasileira. Verdadeira é nossa gratidão aos nossos ancestrais d'África. Pois a vossa presença faz parte desse *Tecer. Assim a Mala do Folclore nos surpreende mais uma vez e emociona. E nos despedimos do Rua da Festa com os ritmos  Batucajé,  Cantiga e Canção.


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Carybé

Batucajé – Dança dos negros, titulo genérico para os bailados religiosos: “são eles (os atabaques) que marcam o ritmo das danças religiosas (batucajés), e produzem o contato com as divindades.” (Artur Ramos, O NEGRO BRASILEIRO, 162). Também pelo mesmo autor, das danças profanas: “a esta enumeração de danças negras ou adotadas pelo negro brasileiro, nós podemos acrescentar outras, como os Batucajés na Bahia, o Batuque do Jarê, no interior do mesmo estado, as danças do tambor, no Maranhão, a dança cambinda, também chamada Piauí, etc. estas danças negro-brasileiras do tipo do Batuque reduzem-se, afinal de contas, ao motivo primitivo da dança de roda...” (11, 139). Nina Rodrigues não se decidiu sobre o caráter sacro ou profano do Batucajé (AFRICANOS NO BRASIL, 234). O PEQUENO DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LINGUA PORTUGUÊSA.(1939). Traduz o Batucajé: “dança dos negros da Bahia.”

(Luis da Câmara Cascudo, DICIONARIO DO FOLCLORE BRASILEIRO pags.94  , Rio de Janeiro- 1954). 

Batucajé – Somos informados de que há muitos dias reinam os Batucagés num dos terreiros do Engenho Velho, incomodando a vizinhança com os heterodoxos ruídos dos tabaques e chocalhos, a vozeria dos devotos que em número extraordinário a eles concorrem, e as desordens que não raro surgem por questões de ciúme aguardentado dos ogans e outras dignidades que ali vão assistir aos votos feitos pela ventura, que uma multidão de mulheres de toda a casta vai ali tomar da mão dos respectivos papais
                   O que mais existe ali é a negociata dos papais e das mamães de terreiro, que exploram a toleima dos que lhes crêem nos sortilégios, filando grossas quantias, tirando os melhores proventos para instituição da larga clientela que os alimenta e com isso a prática de atos lúbricos, que desembaraçadamente ali de contínuo se exercem; nos quais é sacrificado o pudor de pobres moças, a quem o desleixo dos pais ou as trapaças do feiticeiro arrastam e atiram na promiscuidade dos mais variados costumes libertinos para satisfação da cupidez insaciável dos ogans lassos, mais nunca fartos... 
(“Os Batucagés” do Engenho Velho, Diário da Bahia, 12 de dezembro de l896.)


Foto by Ana Maria




Cantiga – Curiosa é a figura do Cantador. Tem ele todo o orgulho do seu estado. Sabe que é uma marca de superioridade ambiental, um sinal de elevação, de supremacia, de predomínio, paupérrimo, andrajoso, semifaminto, errante, ostenta, num diapasão de consciente prestigio, os valores da inteligência inculta e brava mas senhora de si, reverenciada e dominadora. São pequenos plantadores, donos de fazendolas, por meia com o fazendeiro, mendigos, cegos, aleijados, que nunca recusam desafio, vindo de longe ou feito de perto. Não podem resistir á sugestão poderosa do canto, da luta, da exibição intelectual ante um público rústico, entusiasta e arrebatado. Caminham léguas e léguas, a viola ou a rabeca dentro de um saco encardido, ás vezes cavalgando emprestado, de outras feitas a pé, ruminando o debate, preparando perguntas, dispondo a memória. São cavaleiros andantes que nenhum Cervantes desmoralizou. Os que têm meios de vida, afora a Cantoria, todo abandonam para entestar com um adversário famoso. Nada compensaria sua ausência da pugna, assim como a recompensa material é sempre inferior ás alegrias interiores do batalhador. Deixam o roçado, a miunça, a casinha, e lá se vão, palmilhando o sertão ardente, procurando aventuras. Doutra forma não foram Amadis de Gaula, Palmeirim da Inglaterra, os Cavaleiros da Távola Redonda, os do Santo Gral, caçadores de duelos, defensores dos fracos, vencedores de gigantes e de anões mágicos. Dessas tournées ficam os versos celebrando os combates e a fama derramada nas regiões atravessadas, teatro da luta ou da derrota imprevista. 
(Luis da Câmara Cascudo, VAQUEIROS E CANTADORES, pags. 87 a 91, Porto Alegre – 1939).



Canção – A Canção pode ser considerada sem exagero como o núcleo de todas as formas musicais. Por isso. O seu estudo cuidadoso me parece recomendável e também indispensável a todo musicófilo. Os tipos de Canção são numerossíssimos e de difícil classificação. Eis alguns: de Dança (embora hoje em dia a canção já se tenha libertado do jugo da dança primitivamente cantava-se e bailava-se ao mesmo tempo). De Ninar (também uma das formas mais antiga da Canção, apoiada no natural afeto dos pais), da Gesta (onde se narram feitos heróicos ou legendários), de Jogar, (para acompanhar movimentos rítmicos de jogos), de Mesa ou Sobremesa (tão comum entre os gregos e revivida na França e na Inglaterra pelo século XVI), de Trabalho (tão atual até hoje, sobretudo na agricultura), Eclesiástico-Popular (de sabor arcaico e caráter místico), Festiva (especialmente cantada em determinadas festividades anuais), Infantis (cantos de roda, para educação musical infantil, etc.), Madrigalesca (á maneira dos velhos Madrigais), Artísticas (erudita em forma de Lied ou não, nacionalista ou não), Folclórica e Popular. (...)


(Vasco Mariz, A CANÇÃO BRASILEIRA (Erudita, Folclórica, Popular) pags.18, Rio de Janeiro – 1977).


Obrigado a Música Folclórica Brasileira!

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