sexta-feira, 14 de julho de 2017

A Volta da Cabocla

Johann Moritz Rugendas. (Famille indienne. Botocudos) 



José Maria de Medeiros. (Iracema)


“No Brasil, no início da colonização dos portugueses, vivia na Bahia, na cidade que seria chamada mais tarde de São Salvador, Diogo Álvares Correa. Ele era um “galaico-minhoto” (região da Galícia), que naufragou nas águas do mar tenebroso, próximo à Bahia de Todos os Santos, nos baixos de Maiririquiig (Maraquita). Salvou-se matando dois pássaros com um arcabuze, sendo reverenciado pelos indígenas como amássununga, que quer dizer entre outros: O Trovão, Caramuru, a grande moréia, o dragão que surgiu do mar, homem de fogo. 

Foi assim que em 1509 Diogo Álvares Correia, o Caramuru tornou-se uma grande liderança entre os tupinambás, e como presente do cacique, podia se deitar com as mais belas mulheres. Dentre elas, escolheu Moema, concebendo os primeiros mestiços, que seriam mais tarde denominados de “Brasileiros”. Alvares Correira transformou-se em um grande negociante de pau-de-tinta, talvez o primeiro comerciante brasileiro. Comercializava com os franceses, porque Portugal abandonara o Brasil, nessa época, tendo olhos apenas para o comércio africano. O forasteiro passava muitas horas com Moema e também se afeiçoou a ela. Aprendeu-lhe a fala, o dialeto tupi, e confidenciou-lhe os segredos do seu mundo, um lugar chamado Portugal. Dizia: Na terra de onde vim, em última partida da localidade de Lisboa, não há aldeias e sim cidades com muitas casas feitas de tijolos e pedras, com portas e janelas, trancas de ferro e outros objetos, inclusive um tipo de tocha que clareia as noites. “O local se chama Viana do Castelo e sou uma pessoa distinta e de destaque na cidade, assim com são aqui na Aldeia os guerreiros Piatã e Itapuã.”

Dessa forma, aos poucos, Diogo, entre beijos ardentes, muito amor, ensinou Moema, sua língua estrangeira. Diogo era muito paciente com Moema e contou-lhe toda a sua história de sua vida.

Tendo demorado a aprender o tupi, a decifrar os códigos da linguagem tupinambá, ele despendeu longos períodos para explicar-lhe como e quando ocorrera o seu nascimento em Viana do Castelo, como se processara sua formação cultural desde pequeno, suas idas e vindas aos colégios e como aprendera a ler e escrever pois, em sua terra, havia tinta e papel para elaborar documentos e livros. Moema foi aprendendo com Caramuru.

Moema ficava encantada com as palavras de Diogo, principalmente com a “cidade”. Como seria isso?

O amor entre o vienense a indígena ia muito bem. Entretanto, um dia a história mudou. Diogo, que ajudava a proteger os seus indígenas amigos de outros mais ferozes, foi chamado às pressas para auxiliar o Cacique Taparica da guerra com outros indígenas. Com seus arcabuzes e sua astúcia bélica, saíram-se vencedores.

A noite, para comemorar, o cacique dessa tribo, chamado Taparica, fez-lhe uma festa na Aldeia e lá pelas tantas, apresentou ao Caramuru a sua filha mais bonita, a linda Paraguaçu. Ela lhe disse: “Meu nome é Quaydim-Paraguaçu” e ele embasbacado: “Sou Diogo Álvares Correia”.

Os dois ficaram enebriados e imediatamente se casaram dentro da tribo. Depois da Lua de Mel, Caramuru voltou à aldeia de Piatã e levou consigo Paraguaçu, consciente de haver encontrado a mulher dos seus sonhos nas terras dos brasilíndios.

Quando chegou a aldeia, Moema, sua primeira grande companheira, viu a nativa bela e ficou muito triste. Percebeu que tinha perdido o seu amado. Diogo então, não deu a menor atenção a Moema e nem as suas amantes. Só tinha olhos para Paraguaçu.

Diogo e Paraguaçu fizeram amor a noite toda e no dia seguinte ele anunciou que daquele dia em diante ela seria a única mulher da vida dele, consciente dos muitos “pecados” que havia cometido com outras tupinambás.O tempo foi passando, e Paraguaçu foi conhecendo as outras mulheres da tribo, de linhagem mais nobre, ente elas Indaiá e Inaciara. Fez muitas amizades.

Moema ainda tinha esperanças de recuperar o amado. Certo dia foi em uma pajelança e o xamã assegurou-lhe que a alma de Paraguaçu seria levada para o mundo do Bem, e se distanciaria do português.

Diogo resolveu levar Paraguaçu para a Europa, em 1528, para conhecer seus costumes. Seguiram viagem no navio de um francês, Jacques Cartier, amigo de Diogo e que lhe recomendou que não tivesse mais do que uma mulher. Esse navio foi pilotado por Pierre Du Plesis de Savoières.

No momento em que o navio partiu rumo ao oceano, Moema, sem dizer nada, lançou-se desesperada na água e nadou com fortes braçadas perseguindo a embarcação, gritando o nome de Caramuru, até que as velas sumissem no horizonte. O mesmo aconteceu com a tupinambá, que seguiu seu destino para o fundo do mar, morrendo por amor”.

Arilda Ines Miranda Ribeiro. MULHERES EDUCAÇÃO NO BRASIL COLÕNIA: Historias Entrecruzadas

                      
                                            

  Victor Meireles. (Moema)

Johann Moritz Rugendas. (Indiens dans leur cabane)


"O Carro da Cabocla"



                         “A “Volta da Cabocla” para o Pavilhão da Lapinha repete o movimento de desmobilização do Exército Pacificador, após a vitória contra os Portugueses na Bahia, em 1823.
                           No retorno à Lapinha, os carros emblemáticos que carregam as imagens do Caboclo e da Cabocla, que são puxados pelo batalhão do “Quebra Ferro”, voltam carregados de pedidos, orações, oferendas, flores e presentes.
                          São as imagens uma representação dos homens e das mulheres baianas do povo. Que lutaram bravamente contra a dominação Portuguesa. Provocam curiosidade. e até mesmo veneração. As crendices populares em torno das imagens é tão forte que muitas pessoas colocam bilhetes com pedidos nos carros, fazem orações, tocando com as mãos as imagens, acreditando na realização dos pedidos feitos ao Pé da Cabocla.
                        Esculpido por Manoel Inácio da Costa, o Caboclo representa os índios e mestiços baianos que lutaram pela independência da Bahia contra as tropas Portuguesas, derrotadas no 2 de Julho de 1823.
                       Somente em 1840 ou 1849 (há controvérsias quanto à data precisa), é que surgiu a imagem da Cabocla, representando a índia Catarina Paraguassu e a figura feminina nas lutas pela independência. Já as rodas dianteiras do carro que conduz a imagem da Cabocla são as mesmas de uma das carretas que carregavam os canhões utilizados pelos Brasileiros contra os ataques Portugueses.
                     “As comemorações se iniciaram no dia 25 de junho, com o “Encontro”, na cidade de Cachoeira, do Caboclo e da Cabocla, esta oriunda da cidade de São Félix”.
(FGM)



Julio Simmonds. (O sonho de Catarina Paraguaçú)

Johann Moritz Rugendas. (San-Salvador)







-SALÃO DE AUDIÇÃO -



A Cabocla (Modinha). Àlbum: Boa Viagem




Até breve... amigos !!! 
obrigado por vossa companhia...










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