segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A NOVA REPÚBLICA





Antonio Conselheiro e Cangaceiro - Douglas Docelino



Chegada de Lampião no Inferno - Eugenio Colonnese



Floriano Peixoto - Pintor Desconhecido



Lampião e Maria Bonita - Benjamin Abrahão



Padre Cícero - Petrônio



Corisco e Dadá - Benjamin Abrahão



Delmiro Gouveia e Anunciada Candida - Autor Desconhecido



Adilia e Sila - Benjamin Abrahão



Aureliano Chaves - Amarilis Chaves



Antonio Silvino - Portinari



Cacimba Sêca - Aldemir Martins





                                                 - GEMEDEIRA -  

                    Nesse mesmo instante, muitas léguas de alpergatas distante, na clareira onde pernoitavam os sete cangaceiros, estranho fenômeno começou a ocorrer com a viola de Gitirana, que dormia ao sereno, fora da sacola. Uma a uma, suas cordas começaram a se partir, sozinhas. E, rebentando-se, elas gemiam em sons roucos, cavos.

                   Gitirana despertou, aflito. Vendo o instrumento com suas cordas se partindo, correu para perto e ficou a escutar o som da última corda quebrada, debruçou-se, chorando, sobre a viola quebrada:

                 - Acorde, padrinho Labareda – gritou. Alguma coisa de grave aconteceu com o nosso capitão...

                 Delirava ao falar:

               - Não sei o que se passa com o mistério sinistro dessa minha viola, com suas cordas, elas estão se rachando sozinhas. Sinto a agonia da minha viola perdigueira, ela está gemendo, dando um aviso...

               Labareda  despertou e veio na direção de Gitirana que, ajoelhado perto da viola, parecia um doido, conversando sozinho:

              - Minha viola quebrada, triste viola minha.  Á toa você não ia se quebrar desse jeito, o que aconteceu com o nosso capitão?  Só pode ter sido morte por traição.

             Despertaram os demais companheiro e todos vieram para o lugar onde Gitirana, em desespero, lamentava-se diante do instrumento.

             Labareda, numa calma compungida, procurou esclarecer o fenômeno:

           - Só pode ter sido traição. Mataram o capitão...


           Malva, ali perto, tocando no ombro de Gitirana, falou:

          - Com Lampião e Maria Bonita estava o Luiz Pedro e mais gente com eles. Por certo hoje de madrugada, comadre Maria não se levantou para fazer o café.

          Ajoelhado, agora segurando a viola, Gitirana nela batia, repetindo:

         - Todas as cordas da minha viola foram partidas, quebradas, voa, viola, voa.
.
          Estava atuado o cabra. Não escutava Malva, nem ninguém. Persignava-se. Segurou a viola com estranha unção chamando-a de encontro ao peito. Sentiu uma enorme e estranha vontade de trovar. E  batendo os dedos na madeira, sustentou a “gemedeira”. E com ela parecia que o sertão inteiro chorava também.

         E, ali, na medida do conto da regra inteira, na pancada da viola, dolente “gemedeira”, suspirou:

         “Lampião e Maria Bonita,
          Luiz Pedro e Quinta-Feira:
          Ai, ai, ui, ui, ai, ai, ui, ui.”

         Reverenciou inda os demais companheiros, solando na perdigueira:

         “Caixa de Fósforo, Elétrico,
         Diferente, Enedina, Mergulhão
         Ai, ai, ui, ui."

         Compadre, meu Cajarana,
         Gira, gira, Gitirana:
         Ai, ai, ui, ui.”


Paulo Dantas. DELMIRO GOUVEIA E OUTROS SERTÕES. Pag. 73, (Edições Populares) – São Paulo - 1976
    




       Coroneis do Sertão - Caboré




Os Sobreviventes - Descartes Gadelha



O Bordel - Omar Santos



A Serpente - J. Borges



A Criança Morta - Portinari



Os Combatentes - Grover Chapman



Os Violeiros - J. Borges



Labareda - MS



Bando de Lampião e Maria Bonita - Benjamin Abrahão



Bando de Corisco e Dadá - Benjamin Abrahão



O Cordelista na Feira - J. Borges






- SALÃO DE AUDIÇÃO -


A Nova República. (Gemedeira)
Àlbum : Minha Terra





Muito Obrigado !!!  Por vossa companhia...















                                            
  
                  





Nenhum comentário:

Postar um comentário